É agora ou nunca.
Face a face comigo mesma aguardo docemente o vencedor do torneio estender sua espada sangrenta de vitória.
Sim, eu tenho a minha guerreira favorita, mas receio que ela esteja em desvantagem.
Ouço as súplicas silenciosas e mansas, porém reais.
Não sei como ajudá-la a não ser lhe proporcionando um pouco de paz.
Mas a angústia da batalha, a gravidade de seus ferimentos, possivelmente serão mais fortes.
O ar é rarefeito e a mente, atordoada.
A sensação de desolamento faz da estrada prometida, um labirinto sombrio.
O tilintar das espadas é estridente,
me faz desejar não ser expectadora de tantas batalhas.
Mas é impossível que eu não as enxergue. Estão dentro de mim.
Enxergo, quase sem forças para opinar.
"Vá jovem guerreira, ganhe a vida, ganhe o amor!"
Aqui, sentada, minhas pernas tremem de desesperança.
Enxergo a lâmina afiada da espada adversária, e meus olhos viciados em sua ameaça, mal conseguem se desvincular.
Fascínio! Estão fascinados e com medo. Mas fascinados.
Não há juiz, não existem regras.
A plateia ajuda a quem lhe convém, e em sua maioria apoiam o inimigo.
Entretanto as vezes vejo cair no campo arenoso e escuro
uma rosa vermelha ou branca de alguém que diz amar a minha guerreira.
Ela reluz seus olhos ao vê-las, sinto quase que um suspiro de esperança se movendo em seu peito,
mas tão brevemente é chamada de volta pelos golpes do adversário.
Horas a fio, eis-me aqui.
Não posso levantar-me do assento,
não posso comer ou beber,
apenas assistir a batalha infindável quase no fim.
Oh não, se for este fim, prefiro que a batalha continue.
"Vá, Jovem guerreira! Há jeito para tudo. Menos para a morte."