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Cartas para o Eterno
Eu tinha os olhos profundos e castanhos, carregava bagagens imensas, mas tinha algo a dizer.
Textos

O sol resplandecente da manhã

O sol resplandecente da manhã

Sussurra aos ouvidos hinos de liberdade.

Haverão noites a fio,

Noites eternas, imponentes, geladas e úmidas...

Haverão equívocos, desvios, desordem

A fim de testar e lapidar o espírito resiliente,

o espírito que chora baixinho dentro do Ser

mas permanece movendo seus passos à diante,

por vezes pequenos passos,

por vezes largos passos...

 

Sempre no ímpeto instintivo de continuar,

Mesmo com medo, com frio, se sentindo longe de casa,

sem saber, contudo, onde está a sua casa...

 

Olhando a diante à espera do sol nascente,

que certamente virá com o acolhimento.

Mesmo sem compreender o propósito do todo,

Mesmo sem ter a clareza sobre o caminho,

O espírito haverá de deixar-se guiar pela luz que ressoa no céu,

em suas lembranças e dentro de si.

 

Deixar-se levar pelo aconchego dos olhos que sorriem nas crianças,

Do carinho espontâneo dos animais,

E do farfalhar da natureza que vive e respira, ensinando benevolência e caridade a todo instante.

 

O Sol nascente é sempre a prova

daquilo que se duvida durante a madrugada.

A confirmação da fraternidade que supre a falta,

eterna falta de nossos corações.

 

A falta por vezes se torna a bússola,

mas é um equívoco fazer dela sua inspiração.

Que possamos viver sem ser confundidos pelos desejos da falta.

 

A falta existe porque estamos longe, separados de casa.

A eterna casa que nos aguarda.

A falta existe porque nos sentimos sozinhos, mesmo juntos de todos.

 

A desconexão com os irmãos que nos rodeiam

inunda de solidão os nossos corações.

Nossa latência em sentir a própria falta

por vezes nos inibe de olhar em volta,

estamos juntos, todos, tentando ir para casa.

 

Se um irmão mais velho abraça e protege o mais novo,

este deixa de sentir medo.

Se o irmão mais novo consola o mais velho,

trazendo-o leveza e alegria,

este se torna mais resiliente.

 

Se orientados pela falta,

a banalidade será o nosso guia.

Se confundirmos a dúvida com o desejo,

a banalidade manchará o nosso manto.

E filhos adultos não retornam sujos para casa.

Evitam sujar-se ,mas quando o fazem,

eles mesmos tratam de limpar a própria bagunça,

mesmo que isso adie a sua chegada.

 

O sol resplandecente da manhã

nos guardará, para que cheguemos em casa.

Jéssica S Rosa
Enviado por Jéssica S Rosa em 14/01/2024
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