A suspirar a Rosa dizia...
"A saudade que eu sinto agora,
não é diferente daquela que senti todos os dias...
Dos dias em que busquei, chamei e supliquei por um pouco de ti,
Mas tive de acalento somente os silêncios e superficialidades que me dera.
Fui oceano por ti, enquanto tu,
Me umedecias somente com neblina.
Faleci de cede, mas lentamente, pouco a pouco,
da forma mais cruel que se pode matar um amor.
Não me podastes, mas me dera pouco de ti.
Não me deixastes morrer, mas não me nutrira.
Na confiança de que aqui eu permaneceria,
Me deixavas só, a esperar suplicante, suspirante...
Já que, plantada, uma rosa não fugiria.
Mas eu,
Se te ouvia cantar, Cotovia...
Era ao longe, para o seu próprio ninho,
mas nunca, nunca comigo.
Devo arrancar-me das raízes,
partir ao meio este caule que em que me ergui?
O abandono eu poderia contemplar de qualquer vaso,
Não precisa ser daqui.
Te venerando, sempre, te aguardando
Voar e querer pousar em mim.
Tens migalhas por todo o bosque,
Cotovia... Tens justiça,
Não as guarde para mim."